Comércio Internacional

Estudos analisam a evolução do comércio entre a China e os países da América Latina e Caribe

O Brasil se destaca, com US$ 67,8 bilhões em exportações ao país asiático em 2020. Pesquisas fazem parte do projeto “Panorama da China: economia, sociedade e relações internacionais”

APPA

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou os estudos “Iniciativa do Cinturão e Rota na América Latina: perspectiva geoeconômica” e “Iniciativa Cinturão e Rota na América Latina: entre adesões e hesitações”, que fazem parte do projeto Panorama da China: economia, sociedade e relações internacionais. O objetivo é mostrar a evolução das relações econômicas entre a China, a América Latina e o Caribe (ALC), com destaque à expansão da Iniciativa Cinturão e Rota na região (Belt and Road Initiative - BRI). Buscou-se interpretar o avanço da BRI na América Latina à luz do marco teórico conceitual da economia política internacional e a partir de formulações do campo da geoeconomia, apresentando a evolução das relações econômicas entre chineses e latino-americanos.

Os estudos mostram a evolução do comércio exterior da ALC com a China, nos anos de 2000 a 2019, enfatizando que é com o Brasil que ocorre a maior parte das transações. Os brasileiros enviaram aos chineses US$ 67,8 bilhões em bens, em 2020, com um superávit de US$ 31,1 bilhões. Nesse ano, o país asiático absorveu 32,4% das exportações brasileiras, concentradas nos seguintes produtos: soja, minério de ferro e seus concentrados e óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos.

As relações econômicas da China com a América Latina envolvem a compra e venda de vários bens, como soja, petróleo cru, minério de cobre e de ferro. A Argentina exporta soja para os chineses. Em 2019, cerca de 44% das exportações do país foram dessa commodity (US$ 2,81 bilhões) e a carne bovina respondeu por 27% (US$ 1,73 bilhão). Outro parceiro, o Chile, exporta cobre, cobre refinado e minerais como ferro, zinco e molibdênio. Em 2019, o cobre e cobre refinado representaram cerca de 45% e 26% das exportações chilenas, respectivamente. O Peru exporta os mesmos produtos que o Chile e obteve US$ 12,4 bilhões em exportações para os chineses em 2019. Já a Venezuela e Colômbia vendem petróleo. Os chineses compraram, em 2019, cerca de 31% das exportações venezuelanas, somando US$ 4,43 bilhões – sendo mais de 90% destas compostas por petróleo.

Parte da Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 2001, a China investiu nos países da ALC nos mais variados tipos de serviço, como eletricidade, energias renováveis, telecomunicações, veículos de baixa emissão, projetos de infraestrutura, empréstimos e investimentos. A pesquisa lembra que, no ano 2000, as exportações latino-americanas foram de US$ 3,8 bilhões, enquanto as importações oriundas da China somaram US$ 8,3 bilhões. Já em 2010, o fluxo de comércio alcançava mais de US$ 188 bilhões, com US$ 67,8 bilhões em exportações dos países da região e US$ 120,3 bilhões em importações. Entre 1999 e 2014, o valor das importações chinesas da ALC aumentou mais de quarenta vezes e as exportações para a região mais de 25 vezes. Mas as importações caíram em 2015, quando as economias chinesa e latino-americana entraram em desaceleração e os preços globais das commodities diminuíram.

Em 2020, as exportações latino-americanas para a China permaneceram elevadas, somando US$ 136 bilhões. Isso aconteceu por causa do aumento dos preços do minério de ferro, com estímulos para a recuperação econômica na China que aumentaram a demanda por materiais de construção.

No que tange às importações por parte da ALC, houve estabilização entre 2013 e 2017, com um aumento em 2018, alcançando o valor de US$ 193,1 bilhões. E as importações vindas da China somaram a quantia de US$ 160 bilhões no ano de 2020. A pesquisa aponta ainda que, quando se analisa o saldo, a partir de 2010, os países latino-americanos têm déficit comercial. Nessa época, o cenário internacional mostrou que aumentaram as importações chinesas e diminuíram as exportações da ALC.

Ambos os estudos foram produzidos pelos pesquisadores Carlos Renato da Fonseca Ungaretti Lopes Filho, Ticiana Gabrielle Amaral Nunes, Giulia Marianna Rodrigues Di Marco e Marco Aurélio Alves de Mendonça, este último técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea. Eles afirmam não ser possível, ainda, avaliar os impactos decorrentes da BRI na ALC. Mas a parceria comercial entre chineses e latinos americanos traz oportunidades e desafios para ambas as partes.

Acesse a íntegra do estudo “Iniciativa Cinturão e Rota na América Latina: entre adesões e hesitações”

Acesse a íntegra do estudo “Iniciativa Cinturão e Rota na América Latina: perspectiva geoeconômica”

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