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Expertise do Ipea leva pesquisadores a postos-chave no governo federal

Conhecimento especializado em políticas públicas facilita a atuação em diversas áreas

Helio Montferre/Ipea

Vinte pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de diversas especialidades e com estudos focados em diferentes temas relacionados a políticas públicas estão atuando em posições-chaves no governo federal. A maioria foi cedida para atuação em funções estratégicas, ocupando cargos comissionados em fundações, ministérios, secretarias nacionais, assessoria parlamentar, entre outras frentes. O conhecimento e a experiência acumulados ao longo de anos no Ipea conferiram a esses profissionais, muitos deles referência internacional em suas respectivas áreas, a competência necessária para atuação em órgãos ligados ao Executivo federal.

“O Ipea, com sua expertise em pesquisa e análise da realidade brasileira, tem tradição em contribuir com especialistas talentosos e experientes, atentos às necessidades de desenvolvimento no Brasil, notadamente no âmbito das políticas públicas”, disse a presidenta do Ipea, Luciana Servo. Para ela, a partir de critérios bem-definidos e cuidados quanto à agenda prioritária e compromissos institucionais assumidos, a movimentação de pesquisadores, a cada ciclo de governo valoriza a instituição, na posição de gestores públicos, que podem contribuir com a implementação de políticas mais efetivas à sociedade brasileira, apesar dos muitos desafios, principalmente, de ordem operacional. “Ao retornarem ao Ipea, essas migrações laborais temporárias também ajudam a oxigenar o fazer institucional, com novas percepções e visões a partir das vivências em outros órgãos, atuando como gestores públicos”, avaliou Servo.

A pesquisadora Joana Alencar atua na Secretaria Nacional de Participação Social, da Secretaria-Geral da Presidência da República, depois de alguns anos dedicados a essa temática e acompanhando as ações e decisões dos governos nessa área. Segundo ela, o Ipea gera conhecimento sobre políticas públicas para os diferentes governos, em diversas áreas. Também registra as ações do governo para lidar com as demandas da sociedade, e avalia, apontando os acertos e falhas, bem como as melhorias. “Esse conhecimento é sempre muito útil para a gestão pública e para os próprios servidores do Ipea, quando se propõem a atuar como gestores públicos”, disse.

A experiência no Ipea e os estudos já realizados ajudam Alencar na visão de políticas públicas e na sua atuação no governo federal. “Tenho uma visão global a partir dos estudos, que tiveram como objeto a estrutura de participação social de forma ampla; ao trabalhar em uma área específica, entendo o quanto ela precisa atuar interligada com as demais, para compor o todo”, disse a pesquisadora do Instituto, que atua hoje no Executivo Federal. “Ao mesmo tempo, percebo e me deparo com os desafios práticos e políticos para compor esse trabalho de modo harmônico”, avaliou.

O pesquisador Ernesto Galindo é o coordenador-geral no Departamento de Estudos, Avaliação, Monitoramento e Informações Estratégicas, da Secretaria-Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), onde atualmente é diretor-substituto. Para ele, por ser tão diverso e múltiplo, o Ipea se diferencia de outros centros de pesquisa, oferecendo espaço para que o pesquisador possa desenvolver seus estudos como servidor público e atuar enquanto gestor, na estrutura governamental.

Ao citar vários colegas, entre eles, Guilherme Delgado e Brancolina Ferreira, Galindo observou que a diversidade de conhecimento no Ipea ajuda na compreensão mais integrada das políticas e numa visão diferenciada da realidade socioeconômica, da questão ambiental, com recortes e estratos de públicos. “O Ipea acolhe especialistas com formações e experiências acadêmicas de importância nacional e internacional”, acrescentou Galindo, para quem essa dinâmica é muito interessante e importante como contribuição à formulação e aprimoramento de políticas públicas, com críticas e ajustes que elas requerem.

“Em ciclos de avaliação do governo federal, por exemplo, os estudos do Ipea são usados como referência, assim como os próprios pesquisadores, autores dos trabalhos”, destacou Galindo. Também há estudos robustos do Instituto que balizam reflexões no Congresso Nacional, definem políticas públicas e são utilizados como amparo para decisões judiciais. Conforme o diretor, é muito importante essa circulação entre o Ipea e a linha de frente do Executivo e de apoio à feitura legislativa, sendo referência também para argumentações jurídicas, além de acessar a experiência e os movimentos da sociedade civil. “Tudo isso cria um círculo virtuoso que vai realimentando a capacidade do Estado de avaliar as políticas públicas e de intervir, apoiar e contribuir para a efetividade delas”, assinalou.

Ao retornar ao ministério, Galindo tem a oportunidade de aplicar a bagagem acumulada em 15 anos de experiência em desenvolvimento agrário, pois já atuou no Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) e no MDA, onde esteve na assessoria internacional, o que lhe possibilitou uma visão mais ampla das políticas de cooperação do Brasil com os países da América do Sul. “É um processo muito satisfatório e gratificante e, agora, trago essa visão mais crítica de pesquisador federal, para uma atuação mais próxima da gestão pública”, avaliou.

Por sua vez, a pesquisadora Tatiana Dias Silva hoje está à frente da Diretoria de Avaliação, Monitoramento e Gestão da Informação da Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Igualdade Racial. O Ipea, segundo ela, possibilita aprofundar em três vertentes: na visão panorâmica do governo federal, da atuação em políticas públicas e da articulação entre políticas; no histórico, ao guardar a memória de muitas áreas do governo federal e no conhecimento de temas relevantes para o país.

Conforme Silva, já se tem mapeado alguns caminhos – o que foi realizado, o que deu certo ou porque não foi bem-sucedido, quais exemplos de outras políticas públicas podem ser utilizados, além de trazer contribuições para a área de atuação no Executivo e de mapear as posições e os profissionais. “Trata-se de um aprendizado proporcionado pelo Ipea que está sendo fundamental para trazer uma contribuição ao trabalho que estou executando no momento”, disse.

No Ipea, Silva lembrou que dedicou muitos anos às políticas de igualdade racial, fazendo boletim de políticas públicas na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), acompanhando a temática e participando de conselhos e fóruns relacionados à política, o que permitiu uma visão bastante ampla da política nessa área e das possibilidades de atuação. Além de trazer consigo a memória dessa atuação, ela também conheceu colegas no Ipea que contribuíram com a área de igualdade racial antes mesmo dela existir institucionalmente.

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