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O estudo "A Liderança Negra nos Grupos de Pesquisa no Brasil: Um Panorama Regional de 2000 a 2023", parte da coletânea do Boletim Radar divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela um aumento na participação de negros (pretos e pardos) na liderança dos grupos de pesquisa no Brasil. Os resultados preliminares mostram que, em 2000, havia 1.485 líderes negros e negras, enquanto, em 2023, esse número alcançou 14,9 mil. As regiões Sudeste e Nordeste concentravam, em 2023, o maior número absoluto de lideranças negras, correspondendo a 24,7% e 45,5% dos líderes negros no Brasil, respectivamente, o que totaliza 10,4 mil líderes nessas duas regiões.
Os dados indicam que, ao longo dos anos, a região Sudeste continua liderando em número de líderes de grupos de pesquisa, independentemente da cor/raça, embora sua participação percentual em relação ao total nacional tenha diminuído. Em contraste, as regiões Nordeste e Norte têm registrado um aumento tanto absoluto quanto proporcional de líderes. No entanto, o Norte permanece como a região com o menor número absoluto e relativo de líderes.
Apesar do aumento na liderança negra em todas as regiões, esses percentuais ainda são inferiores à representação negra na população brasileira. Na região Centro-Oeste, entre 2000 e 2023, a participação de homens negros na liderança dos grupos de pesquisa passou de 6,0% para 13,7%, enquanto a de mulheres negras foi de 4,2% para 10,5%. Na região Nordeste, a representação de líderes homens negros aumentou de 12,9% para 19,6%, e a de líderes mulheres negras, de 9,4% para 18,1%.
Na região Norte, a tendência foi semelhante, com um crescimento na participação de líderes negros do sexo masculino, de 21,3% para 24,9%, e de líderes negras do sexo feminino, de 9,4% para 19,4%. No Sudeste, em 2000, os homens negros ocupavam apenas 2,8% das posições de liderança, enquanto as mulheres negras representavam 1,7%; em 2023, esses percentuais subiram para 8,1% e 7,0%, respectivamente. Na região Sul, a representatividade era ainda menor, com apenas 1,8% dos líderes sendo negros, e as mulheres negras, 0,9% em 2000. Contudo, em 2023, essas proporções aumentaram para 4,7% e 3,2%, respectivamente.
A pesquisa, conduzida por Túlio Chiarini, analista em ciência e tecnologia no Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Ipea, em parceria com Carla Pereira Silva, professora do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), e os pesquisadores bolsistas do Ipea, Larissa Pereira e Vitor Marinho, oferece um panorama da participação de negros na liderança científica ao longo de mais de duas décadas.
Para Chiarini, a discrepância entre a presença de pessoas negras nos grupos de pesquisa e sua participação na liderança é marcante. "Embora o percentual de grupos de pesquisa com pelo menos um membro negro tenha alcançado 89,6% em 2023, o percentual de grupos com pelo menos um líder negro é de apenas 28,1%. Isso revela que, apesar de haver um avanço na inclusão de pesquisadores negros, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a equidade na liderança", disse.
Outro dado alarmante levantado por Chiarini é o percentual de mulheres negras na liderança de grupos de pesquisa. "Mesmo com o aumento de mulheres negras na liderança dos grupos, esse número ainda é de apenas 10,4% em 2023. A interseccionalidade entre raça e gênero mostra que a dupla desvantagem enfrentada por mulheres negras é um desafio persistente na comunidade científica e que requer atenção específica", afirma. Chiarini ainda menciona que essa agenda de pesquisa continuará e trará análises com outros recortes, como por grande área do conhecimento.
Acesse a íntegra do estudo
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