Em 1992, durante o II Workshop sobre Economia da Saúde, surgiu a ideia de publicar um livro que reunisse artigos de autores brasileiros e portugueses. O evento, organizado pela ABrES em parceria com a Universidade de São Paulo, contou com apoio do Ipea, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e com a colaboração de instituições portuguesas e espanholas. O objetivo era criar um livro luso-brasileiro que introduzisse profissionais de saúde, economistas e administradores aos fundamentos da economia da saúde, mantendo o português original dos autores.
O livro, intitulado "Economia da Saúde: Conceito e Contribuição para a Gestão da Saúde", organizado por profissionais do Ipea, foi publicado em 1995. Composto por onze capítulos, aborda temas como fundamentos da economia da saúde, financiamento de políticas, justiça social e equidade, além de estudos aplicados ao sistema de saúde português. Após sua terceira reimpressão em 2002, o arquivo eletrônico da obra foi disponibilizado no site do Ipea. Confira o conteúdo dos capítulos a seguir.

Divulga o conhecimento próprio da economia da saúde, baseada na experiência adquirida na área, em Portugal e no Brasil, o que pode estimular o estudo, a pesquisa e a aplicação prática, no setor saúde, do instrumental disponível nas ciências econômicas. Além disso, ao melhor informar o nível decisório, pode diminuir ou mesmo terminar com o mito da incompatibilidade entre economia e saúde.

Apresenta os diferentes modelos e as formas de financiamento, discute o relacionamento entre gastos setoriais e níveis de saúde, bem como os principais incentivos que afetam o comportamento dos agentes econômicos (profissionais de saúde e usuários). A parte final deste capítulo trata das tendências atuais do financiamento e da gestão dos serviços de saúde.

Relata três experiências: as Health Maintenance Organizations (HMOs) nos Estados Unidos, a reforma do Serviço Nacional de Saúde inglês e o chamado Plano Dekker nos Países Baixos para demonstrar a questão do normativismo e dos incentivos.

Aborda os aspectos conceituais da demanda global e da demanda em saúde, seus determinantes e o conflito, ou as diferenças entre demanda (procura do serviço) e "necessidade".

Examina os diferentes conceitos de equidade e as características de alguns dos seus indicadores mais frequentes no campo da saúde (perfis demográfico, epidemiológico e socioeconômico da população).

Trata de um estudo empírico sobre a prestação de serviços de acordo com as necessidades no contexto português.

Analisa duas formas de redistribuição de recursos no sistema público de saúde: uma, baseada na equidade (distribuição de recursos para rede de centros de saúde), e outra, na eficiência (hospitais) no contexto português.

Trata das implicações dos incentivos fiscais na equidade em saúde no contexto português, sendo uma questão também presente no Brasil.

Discute os alcances e limitações dos instrumentos de avaliação econômica (custo-benefício, custo-efetividade e custo-utilidade).

Aborda os aspectos microeconômicos da saúde ocupando-se da concepção econômica dos custos e introduz o leitor em outros conceitos básicos tais como custo-oportunidade (ou custo social), custo médio marginal e as diferenças entre custo econômico e custo contábil.

Faz análise dos aspectos microeconômicos da saúde por meio de uma discussão teórica e conceitual precedente, com um estudo de caso.

Traduz o jargão de uso mais frequente entre os economistas da saúde.