Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Ipea lança newsletter sobre políticas públicas

Foto: Helio Montferre/Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acaba de lançar a newsletter Pilar – Ideias que sustentam políticas públicas. Com periodicidade mensal, a publicação traz as principais novidades nos estudos sobre políticas públicas em linguagem simples e acessível, além de entrevistas com gestores e especialistas, informações sobre eventos e outras novidades da instituição.

Para receber a Pilar em seu e-mail, faça o cadastro no site.

Ipea debate impactos sociais e econômicos do Corredor Bioceânico em seminário internacional

Foto: Álvaro Rezende

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) marcou presença no Seminário Internacional da Rota Biocêanica e no 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceánico, realizados entre 18 e 20 de fevereiro, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

O evento reuniu especialistas e autoridades para debater os impactos sociais e econômicos da implantação do Corredor Bioceânico. Com 3.300 quilômetros de extensão, o trajeto integrará, de maneira mais eficiente, o Brasil (principalmente o Centro-Oeste), ao Chaco paraguaio, ao Noroeste argentino e ao norte chileno e promete reduzir significativamente o tempo de transporte das exportações brasileiras para a Ásia-Pacífico.

Ao todo, foram registradas mais de 1.400 inscrições, com ampla participação de representantes da sociedade civil, acadêmicos, atores subnacionais - oito governadores estiveram presentes - e autoridades nacionais argentinas, chilenas, paraguaias e brasileiras, lideradas pela ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet, que apresentou o projeto Rotas de Integração Sul-Americana.

Foram realizados cinco painéis de apresentação e debate, com os temas: setor privado; infraestrutura; tecnologia e inovação; alfândega e impacto social. O Ipea foi o mediador do painel de impacto social e participou da Comissão de Comércio e Procedimentos de Fronteira.

Os debates concentraram esforços nos desafios comuns de se construir uma adequada governança do caminho bioceânico. Foram enfatizadas as oportunidades de compatibilização de agendas aduaneiras, normativas e regulatórias e a necessidade de se harmonizar desenvolvimento econômico e sustentabilidade, de modo a promover externalidades positivas e melhor dimensionar os impactos sociais ao longo da nova infraestrutura.

O técnico de planejamento e pesquisa Pedro Silva Barros, coordenador do projeto “Integração Regional: o Brasil e a América do Sul”, representou o Ipea na mediação do Painel de Impacto Social, espaço que também contou com as apresentações da secretária de Assistência Social e dos Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira, e da diretora regional em Antofagasta da ProChile, agência de promoção das exportações do governo chileno, Marcia Rojas Ponce.

Recuperando estudos produzidos pelo Ipea, notadamente um livro sobre o Corredor  Bioceânico (2020) e os Textos para Discussão 2901 e 3028, Barros discutiu as transformações que o novo corredor rodoviário trará para o Brasil e para os demais países envolvidos.

“Há muito potencial em um projeto dessa magnitude, seja na geração de empregos da própria obra da ponte e pavimentação de estradas, seja em outras atividades de logística, serviços e novos setores produtivos que, se adequadamente planejadas e articuladas, devem gerar ainda mais efeitos positivos em um futuro próximo. Ao mesmo tempo, somos parte de uma região desigual que exige que o projeto incorpore os temas ambiental e social em todas as etapas de planejamento, execução e, principalmente, depois, durante sua gestão”, explica o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.

As obras da ponte que será construída sobre o rio Paraguai, na altura Porto Murtinho (MS), têm previsão de serem concluídas no primeiro semestre de 2027 e prometem melhorar também a circulação de passageiros, o que beneficiará setores como comércio, serviços, turismo e agroindústria.

No encerramento do evento, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, destacou a importância das contribuições do Ipea para a estruturação da governança do Corredor Bioceânico: “A primeira avaliação que nós fazemos é sobre a maturidade do nível de governança. Quando nós iniciamos todo esse processo existia sempre uma preocupação. O Ipea publicou um livro sobre a governança da rota, que eu tive o prazer de fazer o prefácio, e, a partir daquele livro nós passamos a entender o grande desafio que tínhamos na governança. Chegar nessa última reunião com todos os governadores e perceber a maturidade da governança em cada um dos territórios é uma consolidação e talvez seja o resultado mais prático e visível dessa reunião”. 

Conheça algumas publicações do Ipea sobre o tema:

Relação Bilateral com Vocação Regional: integração de infraestrutura, produtiva e comercial entre Brasil e Chile. Texto para Discussão 3028, Ipea.

Redes de atores e o seu papel no desenvolvimento de corredores: diagnóstico e proposta de governança para o corredor rodoviário bioceânico Mato Grosso do Sul - portos do norte do Chile. Texto para Discussão n. 2901, Ipea.

Redes de actores y su rol en el desarrollo de corredores: diagnóstico y propuesta de gobernanza para el corredor Bioceánico vial Mato Grosso do Sul – puertos del norte de Chile. Texto para Discusión n. 01, Ipea.

Red Interoceánica en América del Sur: Corredores bioceánicos y el Rol de los Estados Articuladores (Boletín FAL-Cepal 392) (Boletín FAL-Cepal 392)

O Protagonismo do Mato Grosso do Sul para a Resiliência do Corredor Rodoviário Bioceânico – artigo na revista Monções

Livro Corredor Bioceânico de Mato Grosso do Sul ao Pacífico: Produção e Comércio na Rota da Integração Sul-Americana, publicado pelo Ipea e a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (Uems)

Livro Uma Nova Agenda de Infraestrutura para a América do Sul. Ipea, Funag.

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No Ipea, Mariana Mazzucato ministra aula magna sobre crescimento econômico, sustentável, inclusivo e impulsionado pela inovação

Foto: Helio Montferre/Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recebeu, nesta terça-feira (18), a professora PhD de Economia da Inovação e Valor Público da University College London, Mariana Mazzucato, que ministrou a aula magna “Crescimento econômico sustentável, inclusivo e impulsionado pela inovação no Brasil: uma abordagem orientada por missões”.

Considerada uma das grandes economistas da atual geração, Mazzucato abordou novas formas de pensar o Estado e sua relação com os setores público e privado, defendendo a concepção de políticas orientadas por missões e o desenvolvimento de capacidades estatais para alcançar objetivos estabelecidos. A ação foi promovida em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), como parte da Semana de Contratações Públicas e Desenvolvimento.

A presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, abriu o evento e ressaltou o quanto essa nova forma de olhar o Estado – de maneira interdisciplinar, como conjunto e a partir das relações que estabelece com a sociedade e o setor privado – é importante à instituição, que tem a missão de qualificar o debate público e assessorar para que as políticas sejam mais efetivas.

O diretor de pós-graduação e pesquisa da Enap, Alexandre Gomide, destacou que a Escola desenvolveu um programa de aprendizado em parceria com o instituto presidido por Mariana Mazzucato (Institute for Innovation and Public Purpose), que traz formas diferentes de pensar a Economia e como o Estado deve se organizar para implementar políticas públicas inovadoras.

Governança – Mazzucato ressaltou que o mercado é o resultado de como é feita a governança de instituições públicas e privadas. Se o valor é gerado coletivamente, é preciso pensar em um modelo diferente do tradicional, que compartilha os riscos e privatiza as recompensas. “Crescimento é resultado de um processo que catalisa o investimento público e privado”, afirmou.

Políticas orientadas por missões – A economista defendeu que as políticas estruturantes sejam orientadas por missões e não por setores e projetos. Missões devem ser inspiracionais; ambiciosas e realistas; intersetoriais e interdisciplinares; apontarem uma direção clara; e conduzirem a múltiplas soluções de baixo para cima.

Bem comum – Na aula, foi abordado um novo conceito para o bem comum, com foco não apenas no “o quê”, mas também no “como”. Ele tem cinco pilares: propósito e direcionalidade; co-criação e participação; aprendizado coletivo e compartilhamento de conhecimento; acesso para todos; e compartilhamento de recompensas; transparência e accountability.

Capacidades estatais – De acordo com a economista, para direcionar economias para o bem comum e alcançar metas ambiciosas, como as climáticas, é preciso redesenhar e revitalizar a estrutura do Estado, desenvolvendo uma burocracia criativa, mais flexível, ágil e horizontal. “A capacidade dinâmica do Estado é tão importante quanto a do setor privado”, declarou Mazzucato. Segundo ela, a participação social também é fundamental.

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Mesmo com alta de preços dos alimentos, inflação desacelera para todas as faixas de renda em janeiro

Foto: Ubirajara Machado/MDS

A inflação desacelerou em janeiro deste ano para todas as faixas de renda, na comparação direta com dezembro de 2024, especialmente para as famílias de espectros de renda mais baixos.  Enquanto a inflação do segmento de renda muito baixa recuou de 0,48%, em dezembro, para -0,17% em janeiro, a taxa apontada no segmento de renda alta manteve-se praticamente estável, passando de 0,55%, em dezembro, para 0,54%, em janeiro.

Com a incorporação dos dados de janeiro, a variação acumulada em doze meses revelou que os domicílios de renda muito baixa registraram a menor alta inflacionária (4%), enquanto as famílias de renda alta tiveram a taxa mais elevada (5%). As informações compõem o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta terça-feira (18/02) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e estão organizadas na tabela a seguir:

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Assim como ocorrido em dezembro, as principais contribuições positivas para a inflação vieram dos grupos “alimentos e bebidas” e “transportes”. Enquanto o impacto da alta dos alimentos foi mais forte nas faixas de renda mais baixas, dado o maior percentual de gasto com produtos dessa natureza no orçamento dessas famílias, os reajustes do grupo transportes pressionaram mais intensamente a inflação do segmento de renda alta. No caso dos alimentos, os itens que mais contribuíram positivamente para a inflação foram os tubérculos (8,2%), carnes (0,36%) e aves e ovos (1,7%), além do forte reajuste do café (8,6%). Em relação aos transportes, destaca-se os aumentos dos combustíveis (0,75%), além dos reajustes das passagens aéreas (10,4%) e do ônibus urbano (3,8%). Em contrapartida, a deflação apontada pelo grupo habitação, refletindo a queda das tarifas de energia elétrica (-14,2%), gerou um alívio inflacionário,  para todas as classes, explicando, desta forma, a melhora do resultado da inflação em janeiro..

A comparação com janeiro de 2024 mostra que, à exceção da inflação das faixas de renda alta, que apontou uma taxa significantemente maior, todas as demais classes de renda registraram uma descompressão inflacionária em janeiro de 2025. A desaceleração da inflação para as cinco primeiras faixas de renda é resultante, sobretudo, da melhora no desempenho do grupo habitação.

 As tarifas de energia elétrica, por exemplo, apresentaram deflação de -14,2% em 2025, contrastando com a queda de -0,64% registrada em janeiro do ano passado. Já para a faixa de renda alta, o aumento da inflação corrente decorre da aceleração dos preços das passagens aéreas e dos combustíveis, com altas de 10,4% e 0,75%, respectivamente, em janeiro deste ano, ante quedas de 15,2% e 0,39%, em janeiro do ano anterior.

Acesse a íntegra do indicador

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Painel do Conselho de Desenvolvimento Social discute estratégias para avançar no cumprimento dos ODS

Para contribuir com discussões centrais na agenda internacional de desenvolvimento e apoiar a construção de um novo consenso global em torno de políticas que promovam sociedades equitativas, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) participou da 63ª Sessão da Comissão pelo Desenvolvimento Social da Organização das Nações Unidas (ONU), que aconteceu em Nova Iorque, entre 10 e 14 de fevereiro.

O evento reuniu representantes de alto nível de governos de todo o mundo, em painéis preparatórios para a Segunda Cúpula Mundial do Desenvolvimento Social, que acontecerá em novembro, no Catar. O técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Fabio Veras foi um dos painelistas e abordou caminhos para a comunidade internacional avançar no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e dos compromissos e ações acordados na Cúpula Social de Copenhague de 1995, além do papel da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza como catalisadora para promover avanços para os ODS 1 e 2.

Veras dividiu o painel com Danilo Türk (presidente do Clube de Madri e ex-presidente da Eslovênia), Valérie Bircher (chefe de Assuntos Trabalhistas Internacionais da Secretaria para Assuntos Econômicos da Suíça), Mario Nava (diretor-geral de Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão da Comissão Europeia), Anoushesh Karvar (representante do governo francês na Organização Internacional do Trabalho) e Eleni Nikolaidou (diretora-geral adjunta da Hellenic Aid no Ministério das Relações Exteriores da Grécia). Eles trataram de soluções e estratégias para atuar sobre as lacunas de implementação da Declaração de Copenhage (1995) e da Agenda 2030.

Fabio Veras ressaltou que os compromissos da declaração feita em 1995, como a erradicação da pobreza, a promoção do emprego pleno e produtivo, o fortalecimento da coesão social e a ampliação da cooperação internacional, estão intrinsecamente ligados à Agenda 2030 e aos ODS. Mas, apesar de alguns avanços iniciais, crises sucessivas têm desviado o progresso na maioria dos indicadores usados para monitorar o cumprimento dos objetivos.

Para reverter o cenário, o pesquisador do Ipea sugere cinco focos de atuação: mobilização de recursos internos, por meio de tributação progressiva para financiar políticas e programas sociais; reforma da arquitetura financeira global, garantindo que países em desenvolvimento tenham acesso a financiamento acessível e de longo prazo; promoção da proteção social universal, a partir de investimentos substanciais em programas de transferência de renda que protejam famílias em situação de vulnerabilidade; implementação de abordagens integradas, que enfrentem as causas estruturais da pobreza e da fome; e fortalecimento da cooperação internacional, com países desenvolvidos cumprindo seus compromissos de assistência, além da promoção de boas práticas nas cooperações Sul-Sul e trilaterais.

Veras destacou, ainda, o papel da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada na Cúpula do G20 no ano passado. “A Aliança funcionará como uma plataforma para mobilizar vontade política e garantir o compromisso inabalável dos governos na luta contra a fome e a pobreza”, afirmou.

O mecanismo facilitará a colaboração entre países, organizações internacionais, centros de conhecimento e sociedade civil, impulsionará a mobilização de recursos atualmente dispersos e de difícil acesso e promoverá o compartilhamento de conhecimentos e melhores práticas para a redução da pobreza e da fome. Além de fazer parte da contribuição do Brasil no pilar de conhecimento, o Ipea sediará um dos escritórios da Aliança. 

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Pesquisa do Ipea investiga jovens que permanecem em abrigos após a maioridade

Foto: Rômulo Serpa/Agência CNJ

Identificar a realidade de jovens que, mesmo após completarem 18 anos, continuam vivendo em instituições de acolhimento destinadas a crianças e adolescentes, é o objetivo da pesquisa “Jovens que Vivem nos Serviços de Acolhimento de Crianças e Adolescentes”, lançada nesta sexta-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse levantamento de dados busca fornecer subsídios para o aprimoramento das políticas públicas voltadas à transição desses jovens para a vida adulta, visando melhores condições para sua saída dessas instituições

De acordo com dados do Censo SUAS de 2023, há 368 jovens entre 18 e 21 anos vivendo nesses serviços, além de outros 952 adultos entre 22 e 59 anos. A presença desse público em abrigos infantis revela fragilidades nas políticas de suporte aos egressos do sistema de acolhimento, como a insuficiência de espaços destinados a acolher jovens de 18 a 21 anos. Em 2018, existiam apenas 30 desses espaços, conhecidos por repúblicas, em todo país; atualmente, o número subiu para 80, ainda insuficientes diante da demanda.

A pesquisa, coordenada por Enid Rocha, técnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, tem como objetivo levantar dados sobre o perfil desses jovens, suas condições de vida e os fatores que contribuem para sua permanência nos abrigos. Além disso, avaliar a efetividade das políticas públicas existentes, incluindo as repúblicas, as residências inclusivas para pessoas com deficiência e as residências terapêuticas para indivíduos com transtornos mentais graves.

A iniciativa da pesquisa teve origem a partir da avaliação do Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária, realizada pelo Ipea a pedido do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), que identificou que centenas de jovens continuam vivendo em instituições de acolhimento mesmo após atingirem a maioridade evidenciando as dificuldades dos governos em viabilizar a transição para a vida independente.

“Constatamos que o Estado desconhece o destino de 80% desses jovens (egressos dos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes). Pesquisas pontuais indicam que muitos acabam em situação de rua, o que reforça a urgência de medidas para garantir um acompanhamento adequado nesse período de transição”, comenta a pesquisadora Enid Rocha.

Os resultados da pesquisa serão essenciais para orientar políticas públicas mais eficazes, garantindo que esses jovens tenham melhores condições de autonomia e inclusão social após deixarem os serviços de acolhimento. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail: pesquisajovensacolhidos@ipea.gov.br.

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Trabalho de cuidado e condições de ocupação são debatidos em seminário do Ipea

Foto: Helio Montferre/Ipea

O Seminário das Quintas, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), discutiu as condições do trabalho de cuidado no Brasil, abordando seu reconhecimento como ocupação e os impactos das novas formas de intermediação do trabalho. O evento, realizado nesta quinta-feira (13), apresentou os principais pontos de um estudo conduzido por uma equipe multidisciplinar do Ipea, liderada pela técnica de planejamento e pesquisa Ana Amélia Camarano, com a participação da bolsista Stephanie Burille e de outros especialistas do instituto.

Na ocasião foram apresentados os principais resultados da pesquisa conduzida entre março e agosto de 2024. De acordo com os responsáveis, a pesquisa é uma semente que começa a germinar e tem grande relevância no contexto das plataformas digitais e das novas relações de trabalho. A investigação desse tema teve início em 2022, com a interlocução de representantes de associações de cuidadores e sindicatos de trabalhadores domésticos, visando compreender as preocupações e demandas de quem atua diretamente no setor.

Um dos pontos centrais abordados foi a característica do trabalho de cuidado como uma atividade de reprodução social, majoritariamente exercida por mulheres. Dados da PNAD 2023 mostram que 93% dos trabalhadores do setor são mulheres, sendo 65,4% delas negras. Atualmente, 6,4 milhões de pessoas atuam nessas atividades no Brasil. A pesquisa também revelou que apenas 30% dessas trabalhadoras têm acesso a direitos trabalhistas formais, e que a maioria enfrenta jornadas extensas, chegando a ultrapassar 60 horas semanais em alguns casos.

Outro ponto analisado foi o impacto da intermediação do trabalho de cuidado por plataformas digitais. Segundo o estudo, houve um crescimento expressivo do trabalho mediado por aplicativos, especialmente em serviços de cuidadores de idosos e crianças. Entre 2020 e 2024, a participação dessas plataformas cresceu cerca de 45%, alterando significativamente a forma como esses serviços são ofertados e remunerados. A mudança tem gerado desafios, como a precarização dos contratos e a falta de garantias trabalhistas.

Ana Amélia Camarano aproveitou o momento de apresentação dos dados e expôs reflexões sobre desigualdades dentro da mesma ocupação, como no tempo de deslocamento das trabalhadoras. "As trabalhadoras negras levam, em média, 40% mais tempo para se deslocar até o trabalho do que as trabalhadoras não negras, seja na função de trabalhadora doméstica ou de cuidadora", afirmou. Essa disparidade impacta diretamente na qualidade de vida dessas profissionais e na possibilidade de conciliação entre trabalho e vida pessoal.

A síntese dos resultados apresentados indica que o trabalho de cuidado continua sendo uma atividade essencial para o funcionamento da sociedade, mas permanece subvalorizado e precarizado. A pesquisa demonstrou que, além da baixa remuneração e da falta de acesso a direitos trabalhistas, muitas profissionais enfrentam instabilidade nas relações de trabalho, principalmente aquelas que atuam por meio de plataformas digitais.

A falta de regulamentação adequada e as desigualdades raciais e de gênero afetam diretamente as condições de trabalho dessas profissionais. O estudo reforça a necessidade de ações coordenadas entre o poder público, sindicatos e associações para garantir melhores condições e reconhecimento desse tipo de trabalho.

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Da governança metropolitana à redução das desigualdades: Ipea apresenta ferramentas de apoio aos municípios

Foto: Helio Montferre/Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) finalizou a sua participação no Encontro de Novos Prefeitos Prefeitas com a apresentação de duas plataformas que podem facilitar a gestão dos municípios brasileiros e ampliar a efetividade as políticas públicas. Além de apontarem soluções para regiões metropolitanas, técnicos do instituto apresentaram uma ferramenta de inclusão no processo de elaboração e implementação de políticas públicas.

O momento permitiu que gestores municipais conhecessem mais sobre a estrutura e as produções do Instituto, com as quais podem contar no dia a dia do seu trabalho. "Sempre destaco que o desenvolvimento do país depende da redução das desigualdades. O Ipea atua para avançar de forma eficiente, criando ferramentas que agregam valor à gestão pública, capacitando os gestores locais e fortalecendo a promoção de impactos positivos e transformadores", destacou a presidenta do órgão, Luciana Mendes Santos Servo.

Governança Metropolitana

Durante o painel "A Governança Metropolitana: Um impasse a ser superado", com a participação do Ministério das Cidades, da Frente Nacional de Prefeitos e do Consórcio Nordeste, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Cleandro Krause apresentou o projeto Governança Metropolitana no Brasil como ferramenta para auxiliar no desenvolvimento das 77 regiões metropolitanas brasileiras.

O projeto, sob a coordenação do Ipea, reúne informações de apoio à gestão das principais regiões metropolitanas, buscando investigar especificidades e condições desses espaços.  Desde 2015, existe o foco em compreender os principais desafios gerados pelo Estatuto das Metrópoles, passando por temas como arranjos de governança, Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) e financiamento metropolitano.

"A ferramenta oferece um comparativo sobre a concentração urbana das capitais e cidades das regiões metropolitanas. Com os planos estruturados, envolvendo a organização das equipes responsáveis e a criação de espaços de participação social, temos um processo que se sustenta ao longo do tempo e, de fato, contribui para uma governança eficaz", destacou Krause, que é coordenador de estudos em Desenvolvimento Urbano no Ipea.

Inclua

O Ipea também ministrou a oficina “Políticas Públicas Inclusivas”, por meio da qual foi apresentada a plataforma “Inclua”. Desenvolvida pelo Ipea, a Inclua é uma plataforma virtual que oferece ferramentas de avaliação, diagnóstico e suporte para identificar possíveis riscos de desigualdades sociais durante a elaboração e implementação de políticas públicas no Brasil. A plataforma é de acesso livre e gratuito, disponível para qualquer pessoa interessada, sem necessidade de cadastro prévio ou custos adicionais.

A condução da oficina foi feita pelo idealizador do recurso, o técnico de planejamento e pesquisa Roberto Rocha Coelho Pires, que, além de destacar a relevância da iniciativa para contemplar grupos sociais vulnerabilizados, destacou atualizações constantes do portal.

"Estamos em uma fase de pensar em estratégias de como levar o serviço para regiões mais remotas do país, por meio da coleta e documentação de casos que tenham rendido aprendizados. Também estamos abertos a novas parcerias, oferecendo oficinas por parte da nossa equipe", disse Pires.

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Taxa de mortes no trânsito está associada ao desenvolvimento econômico

Foto: Helio Montferre/Ipea

A forte queda na taxa de mortalidade no trânsito ocorrida no Brasil desde 2015 está associada à queda da atividade econômica no país, não podendo ser totalmente atribuída aos resultados das políticas públicas. Esta é a conclusão do texto para discussão “Mortalidade no trânsito, desenvolvimento econômico e desigualdades regionais no Brasil”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo investiga variáveis socioeconômicas relacionadas às taxas de mortalidades por sinistros de trânsito no Brasil. Usando dados do DataSUS do Ministério da Saúde, Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Agência Nacional de Petróleo (ANP), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o autor do estudo, Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, identificou uma relação causal entre o desenvolvimento econômico e a mortalidade no trânsito.

Entre 2010 e 2019, o Brasil registrou, em média, 40 mil mortes por ano no trânsito, além de mais de 300 mil pessoas gravemente feridas anualmente. A partir de 2014, as estatísticas de sinistros por transporte terrestre (STT) tiveram uma queda de 30% – passando de 21 mortes por 100 mil habitantes em 2014 para 15 mortes por 100.000 habitantes em 2020. Para o pesquisador, essa queda está relacionada a intensa crise que atingiu a economia brasileira.

“Foi feita modelagem econométrica com dados dos estados brasileiros. Nos estados mais pobres, pode-se inferir que o aumento de demanda por transporte ocorrido em função do aumento da renda da população acaba gerando mais ocorrências de sinistros de trânsito em função da precariedade maior da rede de infraestrutura viária nesses estados”, destaca Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho.

Por conta do aumento da demanda por transporte, o aumento de renda per capita está associado com maiores taxas de mortalidade no trânsito. O estudo aponta que um acréscimo de R$ 100 na renda média dos estados está associado a um aumento de aproximadamente 6,3 mortes por 100 mil habitantes ao longo de uma década.

Por outro lado, nos estados mais pobres do país, melhorias das estradas estão associadas ao aumento da mortalidade. “Quando há uma melhoria viária, mas apenas focada no recapeamento, as velocidades aumentam muito e os sinistros ocorrem com uma energia muito maior, o que provoca mais mortes”, explica Carvalho.

“As melhorias viárias têm que ser mais completas, não focando apenas no recapeamento, mas também nas medidas de segurança como sinalização e iluminação, tratamento adequado nas travessias de pedestres, equipamentos para controle de velocidade, etc.”, continua. “É importante a existência de programas federais de auxílio da gestão e infraestrutura de trânsito para os estados mais pobres, principalmente em época de forte crescimento de renda”, disse o autor do estudo.

Outro fator importante é a presença de motocicletas: maiores percentuais de frota de motocicleta aumentam muito a mortalidade no trânsito. Cada ponto percentual de aumento no número de domicílios com motocicleta aumenta a taxa em 0,4 mortes por 100.000 habitantes por ano.

Por outro lado, um fator que contribui para a redução da mortalidade no trânsito é o aumento do efetivo policial. O estudo revela que, para cada acréscimo de um policial por mil habitantes, há uma redução média de 3,4 mortes por 100 mil habitantes anualmente.

Acesse o texto para discussão na íntegra

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Ipea participa do lançamento do Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável

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Para apoiar as cidades brasileiras no monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançará, nos próximos meses, um curso virtual para ajudar gestores municipais a incorporarem a metodologia de acompanhamento de metas dos Cadernos ODS às realidades locais.

O anúncio foi feito pela presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, durante o lançamento do Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável – Compromisso “Meu Município pelos ODS”. A cerimônia integrou a programação do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas e contou com a participação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macêdo, que reforçou a importância da parceria entre os diferentes entes e instituições para o sucesso dessa política pública.

A adesão ao Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável é voluntária. Aqueles que participam têm acesso a um pacote de benefícios que consiste em ferramentas de planejamento e gestão, formações e capacitações técnicas, além de um mapa das principais linhas de financiamento direcionadas ao desenvolvimento sustentável.

O compromisso assumido pelo Ipea de apoiar esses municípios reforça o papel da instituição de assessorar o Estado brasileiro para tornar mais efetivas as políticas públicas. “Essa é uma agenda fundamental se a gente quer um Brasil desenvolvido. E não é só do Estado, mas da sociedade brasileira. E, se ela é uma agenda central, o Ipea está nessa agenda”, afirmou a presidenta.

A série Cadernos ODS apresenta diagnósticos e desafios do país em relação ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são as metas globais estabelecidas pelas Nações Unidas. Eles indicam enfrentamento de desafios como a pobreza, a desigualdade e as mudanças climáticas.

A ideia, agora, é ajudar os municípios a adaptarem a metodologia às realidades e necessidades locais, para que possam ter um diagnóstico da situação atual e acompanhar o atingimento das metas ao longo do tempo. “Assim como os Cadernos ODS serviram de subsídio para o Relatório Nacional Voluntário, eles também podem ser usados para elaboração dos Relatórios Locais Voluntários”, reforçou Luciana Servo.

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