Foto: Flickr Instituto Aço Brasil
A tarifa de 25% sobre importação de aço e alumínio para os Estados Unidos, prevista para começar a valer nesta quarta-feira (12), terá impacto importante para o setor de metais ferrosos no Brasil, mas baixa repercussão na economia de modo geral.
Estudo que acaba de ser publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimou que a tarifa pode gerar queda de 2,19% da produção, contração de 11,27% das exportações do metal e redução de 1,09% das importações. Isso significa que o Brasil terá perda de exportação equivalente a US$ 1,5 bilhão e uma queda de produção de quase 700 mil toneladas em 2025.
“Isso se deve ao fato de que os Estados Unidos são um mercado muito importante para o aço brasileiro. Em 2024, último dado de ano fechado que nós temos, eles foram destino de mais da metade das exportações. Portanto, é um mercado crucial de aço para o Brasil e daí a importância de se lidar com essa questão”, explica Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea e autor do estudo.
Apesar da repercussão significativa para o setor, em termos macroeconômicos o impacto é baixo. O trabalho prevê queda de apenas 0,01% do PIB e de 0,03% das exportações totais, com ganho de saldo na balança comercial de US$ 390 milhões, já que a redução da atividade econômica também levará à redução nas importações (0,26%).
Para Ribeiro, a negociação é a melhor forma de o Brasil lidar com a questão. “O Brasil tem uma indústria siderúrgica bastante desenvolvida, bastante forte e que exporta, principalmente produtos semiacabados. É importante que o país busque algum tipo de negociação para o governo americano para reverter essa medida e impedir que isso possa trazer prejuízos para o setor”, defende.
Impacto nos EUA
A tarifa teria pequeno impacto sobre o PIB dos EUA (-0,02%), mas geraria quedas um pouco mais significativa do investimento (-0,49%), das exportações (-0,39%) e das importações (-0,66%), bem como o aumento de US$ 7,3 bilhões do saldo comercial – valor insignificante ante o déficit comercial de mais de US$ 1 trilhão no comércio de mercadorias.
Em termos setoriais, as importações norte-americanas de metais ferrosos teriam queda expressiva, de 39,2%, enquanto a produção doméstica teria aumento de 8,95%. As exportações se reduziriam em 5,32%.
Outros setores produtivos no país também teriam queda de produção em função da tarifa, como máquinas e equipamentos (-1,1%), produtos de metal (-0,9%), equipamentos elétricos (-0,6%) e veículos e peças (-0,5%), como reflexo do aumento de custo de produção gerado pelo encarecimento do aço. Também as exportações destes setores seriam prejudicadas (quedas de respectivamente, -1,9%, -4,3%, - 0,9% e -0,7%), assim como as próprias exportações do setor de metais ferrosos (-5,3%).
O estudo do Ipea também simulou os efeitos do aumento na tarifa do aço sobre as economias do México, do Canadá e na China. Acesse na íntegra.
Confira no vídeo a seguir o depoimento de Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea e autor do estudo:
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) celebrou os 30 anos da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) em um seminário que destacou a história, os avanços e a influência da diretoria na formulação de políticas públicas voltadas ao território brasileiro. O evento reuniu especialistas, pesquisadores e gestores que contribuíram para a consolidação desse campo de estudo no Ipea.
A abertura do evento ficou a cargo de Aristides Monteiro Neto, diretor da Dirur, que ressaltou a importância da trajetória da diretoria ao longo dessas três décadas. "Vamos fazer uma breve apresentação de elementos de uma linha do tempo da Dirur, mostrando um certo arco de experiências, trabalhos que foram sendo realizados ao longo dessas três décadas", afirmou. Ele destacou a relevância das pesquisas realizadas nas áreas urbana e regional, em seus anos iniciais, e a ampliação para os temas rurais, ambientais e federativos nas décadas recentes. Ao longo de sua existência a diretoria vem produzindo um acúmulo relevante de conhecimento técnico para subsidiar decisões políticas do governo federal.
A presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, reforçou o papel essencial da Dirur na formação de profissionais e na formulação de estratégias para o desenvolvimento territorial. "É uma alegria estar aqui nesses trinta anos da Dirur. A Dirur foi a diretoria pela qual eu entrei no Ipea. E eu acho que eu tive muita sorte", comentou. Ela enfatizou a interdisciplinaridade da diretoria e a necessidade de um diálogo contínuo entre diferentes áreas do conhecimento para compreender e resolver os desafios urbanos e regionais do país. "A Dirur é uma área com capacidade de trazer as pessoas e formar pessoas para se inserir nessa discussão de políticas públicas", acrescentou.
Durante a sessão "Memórias da Criação Institucional da Dirur", o economista e coordenador do Ciclo de Seminários da Dirur, João Carlos Magalhães, resgatou o papel histórico do Ipea na produção de estudos sobre desenvolvimento regional desde o período entre as décadas de 1960 a 1980. Ele destacou a evolução das pesquisas e o impacto dos trabalhos na formulação de incentivos fiscais e fundos constitucionais. "Em 2007, o Ipea começa a pensar nos eixos do desenvolvimento e é criada a ideia de sete eixos para o desenvolvimento nacional, e desses sete, a Dirur trabalha com três", explicou, referindo-se à Estrutura Produtiva e Tecnológica Avançada e Regionalmente Integrada, à Infraestrutura Econômica, Social e Urbana e à Sustentabilidade Ambiental.
A arquiteta e urbanista Diana Meireles da Motta, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, ressaltou a importância do evento para a troca de experiências entre diferentes gerações de pesquisadores. "Esse evento é uma oportunidade espetacular de unir as gerações de pesquisadores do Ipea. Acho que essa história é única, porque, no meu entendimento, o Ipea hoje reúne as políticas espaciais importantes para a Esplanada dos Ministérios", afirmou.
A programação do seminário também contou com a participação do economista e doutor em Desenvolvimento Econômico Antônio Carlos Filgueira Galvão, que destacou a relevância da Dirur na compreensão e no aprimoramento das políticas públicas territoriais. O evento evidenciou o impacto das pesquisas desenvolvidas pela diretoria e reafirmou seu compromisso com a análise e o aprimoramento das políticas regionais, urbanas e ambientais no Brasil.
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Créditos: Ministério das Cidades
Para apoiar o Ministério das Cidades (Mcid) na elaboração de propostas de programas de locação social, destinados a viabilizar o acesso à moradia para pessoas de baixa renda, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) está finalizando um estudo que analisa o atual estado dessas iniciativas e, nos próximos meses, pretende levantar novos dados sobre o pagamento de vouchers de aluguel social por estados e municípios.
Essa é uma das entregas previstas no Termo de Execução Descentralizada (TED) assinado entre o Ipea e a Secretaria Nacional de Habitação do Mcid. Ao longo de 18 meses, serão realizados diversos estudos, pesquisas e análises para subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Habitação para os próximos 15 anos (PlanHab 2040). Para isso, serão elaborados diagnósticos dos principais problemas habitacionais do país e definidas as estratégias para enfrentá-los, estabelecendo metas para avançar no alcance da moradia adequada para a população. Também está prevista a construção de bases de dados para sistemas de informação, monitoramento e avaliação dos programas.
“Vamos focar nos diversos programas de habitação do Ministério das Cidades – no Minha Casa, Minha Vida, mas também naqueles voltados a melhorias habitacionais, urbanização de favelas, regularização fundiária, áreas de risco – e avaliar como eles podem contribuir para melhorar, principalmente, os indicadores de déficit e inadequação habitacional”, explica Rute Imanishi, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, que está à frente da equipe responsável pelo trabalho.
Os pesquisadores desenvolverão estudos nos cinco eixos do PlanHab 2040: construção civil; arranjos institucionais; sustentabilidade; financiamento/subsídios e estratégias urbanas e fundiárias. Eles realizarão oficinas com gestores públicos, especialistas e organizações da sociedade civil, além de encontros regionais para ouvir os setores público e privado, os movimentos sociais e a academia sobre os problemas específicos e o desempenho dos programas em cada região. “Para nós é muito importante ter uma leitura regional dos problemas, que são diferentes de acordo com as características de cada local”, disse Rute Imanishi.
Além do assessoramento para elaboração do PlanHab 2040, definição de metas e proposta de monitoramento, o Ipea acompanhará o processo participativo, sobretudo por meio do Conselho das Cidades, para validação e consolidação dos resultados.
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A renda média dos trabalhadores brasileiros no quarto trimestre de 2024 teve um novo aumento, na comparação com os três meses anteriores. O valor foi de R$ 3.326,00, dando sequência ao crescimento que vem sendo observado desde o segundo trimestre de 2023. Os dados são de um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta sexta-feira (6), com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua).
O estudo mostra que o crescimento interanual da renda habitual média foi de 4,3%. Além disso, quando se considera o trimestre móvel que terminou em janeiro de 2025, o rendimento médio alcançado foi de R$ 3.343, o maior maior valor da série histórica. No entanto, a partir da análise mensal, o estudo mostra que o rendimento habitual médio real alcançou o seu pico em novembro de 2024 (R$ 3.404,00), tendo recuado em dezembro. Em janeiro de 2025, houve uma elevação em relação ao mês anterior, atingindo a marca de R$ 3.323. Na comparação com janeiro de 2024, o primeiro mês de 2025 registra aumento de 2,5%.
Os dados são da nota Retrato dos Rendimentos do Trabalho – Resultados da PNAD Contínua do QuartoTrimestre de 2024, assinada pelo técnico de planejamento e pesquisa Sandro Sacchet de Carvalho. O trabalho revela que os trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira apresentaram crescimento interanual mais elevado (5,4% e 6,5% respectivamente).
Os trabalhadores privados com carteira, por sua vez, registraram um crescimento de 3%, mantendo taxas de crescimento mais lentas que as demais categorias, o que é observado desde o início de 2023. Já os trabalhadores do setor público mostraram um crescimento da renda menos acelerado, já que seus rendimentos cresceram 2,6% no quarto trimestre de 2024, em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
Os maiores aumentos na renda, em comparação ao mesmo período de 2023, foram observados na região Sul (7,5%), para os trabalhadores com idade entre 40 e 59 anos (5%) e com ensino fundamental completo (6,2%). O crescimento foi menor para os que habitam no Norte (1%), entre os mais velhos (acima de 60 anos, com crescimento de 2,4%) e em regiões metropolitanas (3,1%).
Em relação ao gênero, o aumento dos rendimentos habituais recebidos pelas mulheres, que em 2023 haviam tido um crescimento interanual maior que o masculino, voltou a ficar abaixo do dos homens (4% contra 4,6%).
Em termos setoriais, os piores desempenhos da renda habitual foram nos setores de educação, saúde e agricultura. A agricultura mostrou uma leve queda do rendimento habitual (0,1%), sendo claramente o setor que obteve o menor crescimento da renda ao longo de 2024. A renda média habitual dos setores de educação e saúde cresceu apenas 1,3% no quarto trimestre, tendo também já apresentado um fraco desempenho no trimestre anterior. Já os setores que obtiveram os maiores aumentos interanuais da renda habitual foram observados no setor de transporte (8%), serviços pessoais e coletivos (6,1%) e alojamento e alimentação (5,8%).
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Créditos: Vinícius Mendonça/Ibama
As causas e os impactos da mudança do clima não são distribuídos de forma equitativa. Os países desenvolvidos foram historicamente os maiores responsáveis pelas emissões de carbono, mas é nos países mais pobres que os efeitos negativos são sentidos com maior intensidade.
O estudo Climate Injustice and Climate Debts: Estimating Responsibility for Climate Change, do técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea Rodrigo Fracalossi de Moraes, publicado pelo International Poliy Centre for Inclusive Development (IPCid), identificou quais países, dentre aqueles com as 25 maiores economias e/ou populações do mundo, utilizaram seus orçamentos de carbono e, portanto, possuem dívidas climáticas.
A estimativa foi calculada com base em um orçamento global de carbono de 2.790 Gt (gigatoneladas de carbono), tendo como base o ano de 1990. Este orçamento é compatível com a probabilidade de 67% de aumento de 1,5 °C na temperatura média global em relação a níveis pré-industriais, conforme estimado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em 2021.
Os dados revelam que os Estados Unidos, por exemplo, gastaram cerca de três vezes seu orçamento de carbono, com uma dívida climática equivalente a 123 GtCO2. Em contrapartida, a maioria dos países de renda média ou baixa não utilizaram seus orçamentos de carbono.
O estudo propõe que países com dívidas climáticas invistam em mitigação e, sobretudo, em medidas de adaptação em países e regiões mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. O Fundo Verde para o Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Amazônia são apontados como exemplos de mecanismos que podem ser ampliados para operacionalizar esses pagamentos. Em países onde o desmatamento é o principal responsável por emissões, o reflorestamento é também uma forma de pagamento de dívidas climáticas.
Adaptação e mitigação
Países de renda média, o Brasil consumiu 158% do seu orçamento de carbono, e a Indonésia, 88%. “Estes dados indicam a ineficiência do desmatamento como instrumento de produção de riqueza, mas também o potencial para rápidas reduções nas emissões de carbono por meio do combate a essa prática”, explicou Fracalossi.
O estudo destaca, ainda, que a redução da pobreza é, em si, uma medida de adaptação: pessoas e comunidades se tornam mais resilientes às mudanças climáticas.
Além de medidas de mitigação, o trabalho reforça que a crise climática não afeta a todos da mesma forma, sendo essencial reconhecer as responsabilidades históricas e garantir que aqueles que mais contribuíram para o problema também assumam um papel ativo na sua solução.
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Para construir recomendações às lideranças do BRICS alinhadas às melhores práticas e evidências, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reuniu, na última semana, mais de 40 especialistas, de aproximadamente 15 instituições. Eles participaram de cinco oficinas temáticas, que refletem a maior parte das prioridades da presidência brasileira no grupo: cooperação em saúde global; comércio, investimentos e finanças; mudança do clima; governança da inteligência artificial; e desenvolvimento institucional.
A partir das discussões realizadas nas oficinas, as propostas de recomendações serão consolidadas e enviadas para deliberação do Conselho de Think Tanks do BRICS (BTTC), grupo presidido pelo Ipea, que reúne instituições representantes dos países membros. Após negociações no âmbito do BTTC, elas serão encaminhadas, até o dia 1º de abril, ao sherpa brasileiro junto ao BRICS, que conduzirá as recomendações aos líderes do agrupamento. Os embaixadores que ocupam essa função são responsáveis por representar os países no grupo, articulando acordos, mediando interesses e definindo agendas antes da cúpula final dos Chefes de Estado.
Oficinas
O ciclo de oficinas foi encerrado nesta segunda-feira (24) com a discussão sobre cooperação em saúde global, que reuniu representantes do Ipea, da Fiocruz e do BRICS Policy Center da PUC-Rio. Os participantes trataram de recomendações sobre saúde digital, alerta precoce integrado, inteligência artificial, desenvolvimento, produção e acesso a vacinas, medicamentos e testes para diagnóstico, entre outras.
A presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, que é especialista em economia da saúde, conduziu as discussões junto com o Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris) da Fiocruz. Ela lembrou que, depois de encaminhar as recomendações ao BTTC, as instituições envolvidas podem trabalhar na construção de entregas mais detalhadas e nos mecanismos de monitoramento.
Na semana anterior, foram realizadas as oficinas relacionadas aos demais temas. No dia 17 de fevereiro, a discussão foi sobre comércio, investimentos e finanças, abordando questões como cooperação no comércio digital, fluxos de investimento, papel do Novo Banco de Desenvolvimento, uso de moedas locais e aprimoramento dos sistemas de pagamento transfronteiriços.
No dia seguinte, 18 de fevereiro, foi a vez de debater questões relativas a desenvolvimento institucional, como transparência e eficiência na governança do BRICS, criação de suporte técnico, digitalização e adaptação institucional para mais estabilidade e resiliência.
A mudança do clima foi tratada na oficina do dia 20 de fevereiro. Os temas abordados incluíram financiamento para transição sustentável, expansão de energias renováveis, diplomacia climática, conservação da biodiversidade e segurança alimentar.
Por fim, no dia 21 de fevereiro, o trabalho foi voltado à inteligência artificial, com discussões sobre regulação, infraestrutura digital, cibersegurança, cooperação tecnológica, governança de dados e inclusão digital no desenvolvimento de novas tecnologias.
Além dos cinco temas tratados nas oficinas promovidas pelo Ipea, também está entre as prioridades da presidência brasileira uma reforma abrangente da arquitetura multilateral de paz e segurança, para garantir atuação eficaz no enfrentamento de conflitos, evitar catástrofes humanitárias, retomar a diplomacia e impedir a eclosão de novas crises.
O BRICS
Originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia e China, o BRICS se expandiu pela primeira vez com a admissão da África do Sul, em 2011. Hoje, são 11 países membros que compreendem quase metade da população e 39% do PIB global (em paridade do poder de compra).
Além dos cinco primeiros membros, o agrupamento é formado por Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Há, ainda, nove países com o status de parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
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O Brasil pode produzir entre 200 e 800 mil toneladas de hidrogênio de baixo carbono (H2BC) por ano até 2030. Essa é uma das conclusões do estudo O Mercado do Hidrogênio de Baixo Carbono no Brasil: Perspectivas e Desafios até 2030, publicado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os pesquisadores, a expansão do setor dependerá de fatores como políticas de incentivo, redução de custos tecnológicos e expansão da infraestrutura.
O hidrogênio de baixo carbono é considerado o “combustível do futuro”, e a expectativa é que ele possa substituir o uso de combustíveis fósseis, que emitem gases do efeito estufa, em campos como de transporte, siderurgia e metalurgia. Para o desenvolvimento do setor, o apoio de políticas públicas será essencial.
O texto para discussão aponta que medidas como o Programa de Desenvolvimento de Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC), que prevê R$ 18,2 bilhões em créditos fiscais até 2032, o fortalecimento do mercado de crédito de carbono e a estruturação de contratos de longo prazo serão determinantes para garantir um ambiente propício aos investimentos.
A pesquisa foi desenvolvida pela técnica de planejamento e pesquisa Katia Rocha, que atua na Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset/Ipea), e pelo pesquisador bolsista do Subprograma de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) no Instituto, Nelson Siffert.
Rocha destaca que a precificação do carbono terá um papel fundamental na expansão do mercado, permitindo que os consumidores valorizem o hidrogênio de baixo carbono como alternativa viável ao hidrogênio fóssil. “Com um mercado de carbono bem estruturado, os produtos sustentáveis ganham espaço e reduzem o atual gap de preço em relação ao hidrogênio de origem fóssil", explicou.
Os pesquisadores enfatizam que a priorização inicial deve ser o mercado interno, especialmente setores industriais como os de fertilizantes, combustíveis renováveis, siderurgia, petroquímica e refino de petróleo. "Os projetos devem ser estruturados para atender a indústrias estratégicas do país, garantindo competitividade e consolidando a cadeia produtiva", ressaltou Rocha.
Quanto ao mercado externo, o Brasil tem potencial para se tornar um grande exportador, especialmente para a Europa e a Ásia. A pesquisadora pontua que “a demanda global por hidrogênio de baixo carbono está crescendo, e o Brasil tem condições privilegiadas para atender a esse mercado, mas será fundamental estabelecer uma estratégia sólida de comercialização e infraestrutura”.
Com uma matriz energética predominantemente renovável, o país apresenta vantagens para a produção do combustível, especialmente pela oferta de energia solar e eólica. "O Brasil pode se tornar um líder global na produção de hidrogênio de baixo carbono, mas para isso é necessário avançar etapa por etapa, consolidando primeiro um mercado interno forte antes de ampliar significativamente as exportações", enfatizou a pesquisadora do Ipea.
Apesar dos avanços regulatórios com a Lei 14.990/2024, que institui o PHBC, e o Marco Legal do Hidrogênio, ainda há desafios a serem superados. Entre os principais entraves estão a falta de contratos de compra e venda de H2BC, o alto custo inicial de produção e a necessidade de investimentos em infraestrutura.
Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou, na última sexta-feira (21), o número 35 da Revista Tempo do Mundo (RTM), apresentando uma coletânea de estudos sobre migrações e desenvolvimento em áreas de fronteira. O evento de lançamento ocorreu no Campus Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Corumbá, município localizado na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Publicada em parceria com o Observatório Fronteiriço das Migrações Internacionais (Migrafron), e coordenada pela professora Patricia Tavano (UFMS) e pelo técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Regionais, Urbanos e Ambientais do Ipea Bolívar Pêgo, essa edição reúne 17 artigos de 39 autores, trazendo contribuições para políticas públicas e abordando temas como apátrida migrante, discursos xenofóbicos, desafios da governança migratória e do desenvolvimento das regiões de fronteira.
O seminário contou com a participação de Alexandre dos Santos Cunha, chefe de gabinete do Ipea; Andreliza Cristina de Souza, diretora do Campus Pantanal da UFMS; Edgar Aparecido dos Santos, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Fronteiriços da UFMS; Marco Aurélio Machado de Oliveira, coordenador do Migrafron; Pedro Silva Barros, editor da Revista Tempo do Mundo; Patricia Tavano e outros autores da RTM 35.
Entre os destaques, está o artigo “Fronteiras marginais e o primeiro apátrida de Mato Grosso do Sul”, de Juliana Tomiko Ribeiro Aizawa e Hermes Moreira Junior, que aborda o caso de Inocente Arevalo Orellana, o primeiro apátrida reconhecido no estado, residente na fronteira entre Brasil e Bolívia. O estudo examina as condições jurídicas para a obtenção desse status no território brasileiro, os desafios enfrentados por apátridas e o acesso a serviços básicos.
Em “Fronteiras do medo: A retórica da ameaça como instrumento político contra imigrantes internacionais”, César Augusto Silva da Silva e Isabela Ferreira Carneiro Lobo discutem o uso político da retórica da ameaça contra imigrantes, analisando casos como o Brexit e as políticas migratórias dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump. Os autores ressaltam como imigrantes foram associados a riscos à segurança nacional e à identidade cultural, impulsionando medidas como deportações em massa, mudanças nas regras migratórias no Reino Unido e tendências semelhantes na Itália e na Hungria.
Com 16,9 mil quilômetros de fronteiras terrestres, o Brasil faz divisa com dez países sul-americanos, além do departamento ultramarino francês na Guiana. Em estados como Acre, Amapá e Roraima, se todos os habitantes fossem distribuídos ao longo da linha de fronteira, mantendo um metro de distância entre si, ainda assim a população não seria suficiente para cobrir toda a extensão territorial.
A expectativa é que os trabalhos reunidos nesta edição contribuam tanto para a reflexão acadêmica quanto para a formulação de políticas públicas, especialmente no âmbito do recém-instituído Comitê Nacional de Fronteiras, responsável por elaborar a Estratégia Nacional de Fronteiras em 2025. O número conta com contribuições de pesquisadores das cinco regiões do Brasil e de instituições situadas nos três arcos fronteiriços: Norte, Central e Sul. Além disso, destaca-se a expressiva participação feminina, com mulheres respondendo por mais de 60% dos artigos publicados.
Essa edição reforça a missão institucional do Ipea de aprimorar políticas públicas essenciais ao desenvolvimento brasileiro, por meio da produção e disseminação de conhecimento e da assessoria ao Estado em decisões estratégicas. Em um cenário global onde alguns líderes defendem muros em vez de pontes, influenciando políticas regressivas em nosso entorno estratégico, é fundamental resgatar as perspectivas dos chefes de Estado da América do Sul no início do século XXI que propuseram que as fronteiras sul-americanas deixassem de se constituir como um elemento de isolamento e separação para se tornarem elos para a circulação de pessoas e bens, criando em um espaço privilegiado de cooperação.
Leia aqui a edição completa sobre Desenvolvimento Fronteiriço e Migrações.
Seminário em Brasília
Haverá um segundo seminário da Revista Tempo do Mundo 35 na sede do Ipea em Brasília no dia 25 de março, às 15h. Na abertura, será apresentado e debatido o artigo “Perspectiva de Gênero na Política Externa Brasileira: atuais esforços para a transversalização”, de autoria das diplomatas Vanessa Dolce de Faria e Mariana Yokoya Simoni. Uma segunda mesa abordará os desafios da Estratégia Nacional de Fronteira com a participação de gestores dos ministérios diretamente envolvidos na elaboração do primeiro documento com esse objetivo na história do Brasil.
Revista Tempo do Mundo e chamadas de artigos
Criada em 2009, a Tempo do Mundo é um periódico científico arbitrado, indexado, de difusão e circulação nacional e internacional. A revista é publicada quadrimestralmente, com seus artigos no idioma original (inglês, português ou espanhol), que busca promover debates sobre temas contemporâneos. Seu campo de atuação é o da economia e política internacionais, com abordagens multidisciplinares sobre as dimensões essenciais do desenvolvimento, incluindo as econômicas, políticas, sociais e relativas à sustentabilidade.
A RTM recebe permanentemente, em fluxo contínuo, manuscritos sobre temas contemporâneos nas áreas de relações internacionais, economia internacional, desenvolvimento e sustentabilidade, visando à pluralidade tanto nas abordagens como nas metodologias científicas.
Atualmente, há chamadas abertas sobre “Política Industrial: dimensões internacionais e comparadas” (https://www.ipea.gov.br/revistas/index.php/rtm/chamadapoliticaindustrial), “Política defesa no Brasil contemporâneo: desafios e oportunidades em um sistema internacional em transição” (https://www.ipea.gov.br/revistas/index.php/rtm/politicadefesa) e “BRICS, seus desafios e a presidência rotativa Brasil 2025” (https://www.ipea.gov.br/revistas/index.php/rtm/BRICS).
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Foto: Antonio Lima/SECOM governo do Amazonas
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou, no dia 20 de fevereiro, mais uma edição do Seminário das Quintas, com a apresentação do estudo "Alocação dos Venezuelanos em Empregos no Norte do Brasil no Início da Onda Migratória". O evento contou com a exposição de Carlos Henrique Leite Corseuil, técnico Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), que trouxe uma análise detalhada sobre a inserção dos imigrantes venezuelanos no mercado de trabalho brasileiro.
Durante a apresentação, Corseuil destacou que "a chegada massiva de imigrantes ao Norte do Brasil gerou desafios e oportunidades, exigindo uma resposta estruturada do mercado de trabalho".
A análise baseou-se em dados sobre empregabilidade e caracterização sociodemográfica dos imigrantes, evidenciando que "a regularização tende a ajudar no acesso a melhores oportunidades". No entanto, os dados indicam que os venezuelanos são menos propensos a trocar de empresa no ano seguinte, tendem a permanecer empregados por períodos mais curtos e têm menor taxa de promoção, se comparados aos brasileiros.
Além disso, os imigrantes tendem a se concentrar em firmas com salários mais baixos e de maior porte. Os resultados indicam que aquelas que contrataram venezuelanos no período analisado apresentavam, nos anos anteriores (2011 a 2015), menor qualificação dos trabalhadores (6,9% com nível superior, contra 8,7% nas demais firmas), menores salários médios (R$42,90 por hora, contra R$50,60) e um maior número de empregados (94,5 trabalhadores, contra 37, em média).
Outros fatores também influenciaram a contratação. Mais de 28% das empresas que contrataram venezuelanos após o influxo (2016 a 2018) já haviam contratado imigrantes anteriormente e 7,5% delas já tinham dado emprego a venezuelanos, especificamente. A localização geográfica também foi relevante: as empresas que contrataram estavam, em média, a 5,8 km da BR-174, que liga Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, a Manaus, capital do Amazonas. Já as que não contrataram estavam a 9,5 km da rodovia.
Dentro das firmas, os imigrantes venezuelanos foram alocados em postos de trabalho associados a posições mais baixas na hierarquia e a salários aquém do esperado para suas características profissionais. No entanto, Corseuil pontuou que iniciativas de acolhimento e programas de interiorização desempenharam um papel fundamental na distribuição desses trabalhadores para outras regiões do país, ampliando suas perspectivas de emprego formal.
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Foto: Helio Montferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) marcou presença no lançamento da revista Policy in Focus no Timor-Leste, país localizado no Sudoeste Asiático. O técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea Fábio Veras Soares representou a instituição no evento, que ocorreu na última terça-feira (18). Este número inaugural da revista é uma parceria entre o Centro Internacional de Políticas para o Desenvolvimento Inclusivo (IPCid) do Ipea, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a plataforma socialprotection.org.
A publicação, editada em inglês e intitulada Superando Barreiras à Segurança Alimentar e Nutrição na Proteção Social, é uma das principais realizações da Força-Tarefa Global sobre Proteção Social para a Nutrição (Global Task Force on Social Protection for Nutrition – GTF), presidida pelos governos de Timor-Leste e Chile, com apoio financeiro da França, respaldo político do Grupo dos Sete Mais (g7+) e suporte técnico fornecido pelo PMA.
O foco desta edição é a superação dos desafios que limitam o impacto dos sistemas de proteção social na segurança alimentar e nutricional. O fortalecimento desses resultados é essencial não apenas para o desenvolvimento do capital humano, mas também para impulsionar o crescimento econômico local, ampliando os efeitos das medidas de proteção social em diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A edição - Com contribuições de mais de 60 especialistas em 22 artigos originais, a revista traz evidências sobre a necessidade de incorporar aos sistemas de proteção social medidas complementares que favoreçam o alcance do ODS 2 (Fome Zero). Estas políticas complementares ajudariam a atacar a insegurança alimentar e da desnutrição em toda sua complexidade, com o objetivo de inspirar soluções concretas para um futuro sem fome, sem má nutrição e, portanto, mais saudável.
A publicação ressalta a centralidade da nutrição e da segurança alimentar na construção de sistemas de proteção social robustos, capazes de romper ciclos de pobreza, vulnerabilidade e desigualdade. Com a crescente demanda por sistemas de proteção social em todo o mundo, surge um paradoxo crítico: embora os programas de assistência social e alimentar frequentemente aumentem o consumo de alimentos e o poder de compra, eles nem sempre resultam em uma melhoria da segurança alimentar ou nutricional.
Essa desconexão entre segurança de renda e bem-estar nutricional, fundamental para a saúde e o desenvolvimento, revela um problema mais profundo. O verdadeiro sucesso exige que os sistemas de proteção social não apenas ampliem a segurança de renda, mas também garantam o acesso a dietas diversificadas e nutritivas, permitindo que as pessoas prosperem e desenvolvam resiliência diante de choques.
O número também conta com uma apresentação escrita por José Ramos Horta, presidente da República Democrática do Timor-Leste, que também discursou durante o lançamento.
Ipea representado - Fabio Veras Soares, em seu discurso de apresentação, lembrou que o primeiro lançamento desta edição da Policy in Focus ocorreu em território brasileiro, no G20 Social, durante evento do Sprints 2030, no qual países e organizações internacionais anunciaram seus compromissos no âmbito da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
De acordo com ele, o lançamento duplo desta edição da Policy in Focus demonstra como o Brasil, que usou a presidência brasileira do 20 no ano passado para articular e lançar a Aliança Global e Timor-Leste, que co-lidera a Força-tarefa Global em proteção social pela nutrição, dão grande ênfase à mobilização de meios financeiros e capacidade técnica para erradicar a pobreza, a fome e a desnutrição em nível global. Esses objetivos estão no cerne tanto da Força-Tarefa Global sobre Proteção Social para a Nutrição quanto da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
IPCid
O IPCid, estabelecido pelo Ipea em dezembro de 2022 como uma coordenação dentro do Departamento de Estudos Internacionais (Dinte), promove o compartilhamento de conhecimento sobre políticas públicas entre o Brasil e seus parceiros, além de fortalecer a cooperação Sul-Sul no contexto do Sul Global.
Suas atividades incluem a produção de conhecimento, o fortalecimento de capacidades e a prestação de assessoria, aproveitando a expertise dos pesquisadores do Ipea e suas parcerias globais.
As principais áreas de atuação abrangem proteção social, erradicação da fome e da pobreza, mensuração da pobreza, formulação de políticas, cooperação internacional e desenvolvimento inclusivo e sustentável no Sul Global.
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